Ser jogador de videogame no Brasil não é fácil. É um hobbie caro, principalmente para aqueles que procuram manter-se sempre atualizados, jogando os principais lançamentos dos consoles de última geração. Ainda assim, há uma demanda crescente no mercado de entretenimento digital e não são poucas as empresas que buscam atender essa clientela, de lojas especializadas até grandes redes de livrarias e lojas online. O UOL Jogos foi às ruas de São Paulo - e ao ciberespaço - para avaliar como é a experiência de compra em 13 desses estabelecimentos.

Em nossas visitas, nos deparamos com situações diversas, desde pirataria, pechinchas inesperadas e preços elevados, mesmo em jogos com mais de um ano em catálogo. Na internet, as diferenças entre as lojas não foi tão grande quanto às percebidas nas lojas físicas. Para quem já sabe o que procura e tem paciência para esperar, as lojas virtuais se revelaram a melhor opção no mercado nacional. Para o consumidor leigo que está adquirindo seu primeiro videogame, a experiência não é das melhores, com falta de informações detalhadas em sites e orientações errôneas em boa parte das lojas.

Lançamentos

Quem desejasse adquirir "Mafia II" no dia do lançamento do jogo (24/08), ficaria decepcionado: das nove lojas visitadas por UOL Jogos, apenas uma tinha o game à venda. Mesmo nas lojas on-line, o prazo de espera para a entrega variava entre uma semana e quinze dias. Outro lançamento recente, "Kane & Lynch 2: Dog Days", também não era fácil de encontrar. Até mesmo "Crackdown 2", lançado pela Microsoft no dia 27 de julho, não estava disponível em todas as lojas.

De acordo com a assessoria de imprensa da Fnac, a razão para a ausência dos lançamentos em sua rede é a distribuição. "O 'Mafia II' chegou aos estoques dos distribuidores oficiais brasileiros no dia 25 de agosto e deve estar nas lojas a partir do sábado (28). De acordo com o distribuidor oficial, o 'Kane & Lynch 2' está na aduana, aguardando entrada no Brasil", explicou Fernando Sant'Ana, assessor de imprensa da rede.

Pirataria

E até games piratas UOL Jogos encontrou pelo caminho: na loja Metrópole, na região da Santa Ifigênia, em São Paulo, o vendedor informou que "Mafia II" só estaria disponível na semana seguinte, mas rapidamente ofereceu uma "versão alternativa" para o Xbox 360. Questionada por telefone sobre o ocorrido, a gerente da loja, Adriana, primeiro negou que tivesse tal tipo de mercadoria: "Não trabalhamos com produtos alternativos, só originais". Em seguida, disse que não responderia perguntas por telefone ou via e-mail, apenas pessoalmente.

A reportagem de UOL Jogos retornou ao local alguns dias depois e conversou com a gerente da loja, que explicou que sim, trabalha com produtos piratas. "Temos jogos 'alternativos' em nossa loja, assim como todas as lojas da região também têm. Você só não vai encontrar jogos 'alternativos' onde não se vende consoles destravados, numa Fnac, por exemplo,", disse Adriana, que culpou a tributação elevada pela pirataria.

"Nós planejamos abolir essa prática aqui na loja, pois temos observado o crescimento do mercado de jogos originais, com o PS3. Mas enquanto o preço dos jogos, com as taxas e impostos elevados, estiver fora da realidade econômica, é difícil. Como alguém que ganha um salário mínimo vai pagar R$ 200 num jogo?", questionou a gerente.

Ambiente

A imagem da loja de games como um balcão e prateleiras de vídeo-locadora é coisa do passado. Com a entrada das megastores no mercado, as lojas buscam oferecer comodidade, conforto e uma experiência mais próxima ao consumidor. Boa parte das lojas visitadas opera no sistema de autoatendimento assistido, no qual o cliente pode pegar os produtos na prateleira, conferir seu preço em leitores de código de barra e ir ele mesmo ao caixa para comprar a mercadoria. Mas, caso necessite, há atendentes à postos para atende-lo.

As maiores lojas operam em sistema de auto-serviço assistido...

... enquanto outras ainda optam pelo atendimento no balcão.

Algumas lojas possuem consoles para demonstrar as novidades.
Mesmo as lojas que ainda operam no formato de balcão, caso da Metrópole, Revolution Games, Rock Laser e UZ Games, oferecem demonstrações e trailers baixados das redes online dos consoles. Na Fnac, os clientes podiam experimentar os jogos "Pro Evolution Soccer 2010", "Super Mario Galaxy 2" e "Alan Wake", nos videogames PS3, Wii e Xbox 360, respectivamente.

A Sony Style, loja especializada nos produtos da Sony, dentre eles os consoles PlayStation 2 e PlayStation 3, dedica uma área pequena aos games, com os poucos títulos disponíveis trancados em uma vitrine e um PS3 que exibe trailers antigos de "Gran Turismo 5".

Já a Rock Laser, na Vila Maria, na Zona Norte de São Paulo, destoa da concorrência de forma negativa. Localizada nos fundos de uma lan-house, a loja é mal iluminada e, na terça-feira (24), quando a reportagem de UOL Jogos esteve lá, encontrou o piso sujo e com mosquitos voando ao redor das lâmpadas no teto. Era a única loja onde "Mafia II" já estava disponível.

Atendimento

O formato adotado pela maioria das lojas visitadas pressupõe certo conhecimento prévio do cliente, mas é fato que o público leigo se interessa cada vez mais pelos videogames. Assim, é de se esperar que as lojas tenham equipes qualificadas para esclarecer dúvidas e orientar o consumidor. Na prática, porém, os atendentes nem sempre estão preparados e se enganam ao tentar explicar as questões levantadas.

Quando perguntado sobre qual é o "Rock Band" mais recente, o atendente da Livraria Cultura respondeu que o game "Beatles: Rock Band" seria o mais novo, quando a resposta correta é o "Rock Band: Green Day". Na Fnac, o vendedor se confundiu com os jogos musicais e respondeu com a mistureba "Rock Band Hero 5", apontando para a caixa de "Guitar Hero 5".

Na Rock Laser, ao falar sobre o console Wii, a vendedora disse que o modelo preto tratava-se de uma edição limitada do console, quando na verdade esse não é o caso. Fábio Ricardo, gerente da loja, atribuiu o caso à falta de informação da funcionária e informou que a equipe da Rock Laser do Shopping Internacional, em Guarulhos, é mais bem preparada.

Variedade

Exceto pela Sony Style, todas as lojas avaliadas oferecem jogos para os principais consoles da atualidade: PlayStation 3, Wii e Xbox 360. A maior parte delas também tem jogos para os portáteis DS e PSP e também jogos para PC. É possível encontrar edições limitadas de jogos e uma boa diversidade de controles, volantes, guitarras e outros acessórios.

A House Games oferece o maior acervo, com games para plataformas como o primeiro PlayStation, Xbox, Game Cube e para o portátil GBA, além de jogos para os consoles atuais. Encontrar clássicos da geração atual é difícil: apenas na House "Halo 3", para Xbox 360, estava disponível. Já na Sony Style é possível encontrar os principais jogos exclusivos da Sony para o PS2 e PS3. Mas quem procurasse pelo primeiro "Super Mario Galaxy" em qualquer loja sairia de mãos vazias.

Preços

Não é fácil entender os preços praticados pelas lojas de games no Brasil: lançamentos variam entre R$ 159 e R$ 249, enquanto títulos de catálogo muitas vezes apresentam valores maiores, chegando a R$ 280. Porém, se o consumidor procurar com paciência, encontrará ofertas interessantes, como bons jogos por R$ 110 ou até menos.

Na Sony Style, os games são divididos em categorias de preço, com lançamentos saindo a R$ 199 e jogos mais antigos com preços que vão de R$ 159 até R$ 119. A Metrópole Games oferece uma alternativa para quem está em busca de renovar a coleção, com um sistema de troca de jogos. É possível até mesmo comprar os jogos "seminovos" por valores mais em conta do que os títulos novos.

Sobre o sistema de precificação, a rede Saraiva informou que sempre repassa as vantagens obtidas em negociação ao consumidor: "A Saraiva não tem uma política de catálogo para um mercado iniciante e de produtos importados, como o brasileiro, o que faz com que o preço de um produto lançado há um bom tempo esteja semelhante ao lançado recentemente", explicou Nádia Souza, assessora de imprensa da rede de lojas.

Explicação semelhante foi dada pela Fnac. "Ao contrário do que acontece nos EUA, no Brasil não há uma política de preços diferenciada para os lançamentos e produtos de catálogo por parte das publishers", disse o assessor Fernando Sant'Ana.

Lojas Online

O UOL Jogos pesquisou treze lojas online, entre elas os sites das nove lojas visitadas e quatro lojas virtuais. O site Americanas.com se mostrou de fácil navegação, com um sistema de busca eficiente. O acervo da loja é muito bom, com jogos variados para as principais plataformas. Nas lojas Ponto Frio e Submarino, a busca pelos produtos e até a navegação foram confusas, exibindo telas que não tinham relação com os produtos desejados e, no caso do Submarino, a maneira mais rápida de retornar ao que se procurava era voltar para a página inicial e realizar todo o processo novamente.

Em geral as lojas virtuais oferecem informações técnicas sobre os jogos, sinopses, algumas telas e mesmo trailers dos jogos, mas nem sempre esse é o caso. No site da UZ Games, alguns jogos têm como únicas informações o título e o preço.

Um problema comum em muitos dos sites visitados é a pouca variedade de produtos. Mesmo que os sites indiquem dezenas de produtos, muitos deles constam como esgotados ou "não disponíveis".
Espaço para melhorias

As lojas de videogames no Brasil estão evoluindo junto com o mercado nacional, mas conforme os consumidores se tornam mais instruídos e exigentes, é de se esperar que os estabelecimentos que os atendem ofereçam um atendimento melhor, mais opções para os clientes e um intervalo de tempo menor entre o lançamento dos novos games no exterior e sua chegada às prateleiras nacionais. Se a experiência de compra nas lojas de games não é tão ruim hoje, é preciso admitir, porém, que ainda há um grande espaço para melhorias.

fonte:http://jogos.uol.com.br/ultnot/multi/2010/09/08/uol-jogos-avalia-a-experiencia-de-compra-nas-lojas-de-games-brasileiras.jhtm
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