Você já quis que a geladeira se encarregasse de fazer as compras do mês? E que o espelho do quarto sugerisse um look quando você acorda atrasado? Ou, ainda, que a televisão da sala selecionasse seu programa preferido de quarta-feira à noite?

Isso tudo já existe. Calma, ainda não está nas lojas: teremos de esperar ainda alguns anos, mas o futuro é bastante promissor. Você não precisará aprender a usar novas tecnologias; elas vão se adaptar ao seu jeito. “Cada vez mais, eletrodomésticos e móveis vão responder às ações do usuário”, explica Rico Malvar, cientista-chefe da Microsoft Research.

Henrique Freitas, gerente sênior de vendas e marketing da divisão de eletrônicos de consumo da Samsung, concorda. “Existe uma preocupação de que os equipamentos conversem entre si para atender às necessidades das pessoas”, diz. “Se você está usando a internet no celular quando chega em casa, o fato de ligar o notebook será um sinal para que o equipamento exiba as mesmas informações, por exemplo”, completa.

Os esforços vêm de todos os lados. “Existe uma tendência generalizada de fazer produtos para a casa que tornem mais fácil o contato das pessoas com a tecnologia”, enfatiza Luiz Mascarenhas, diretor de consumer para computação pessoal da HP. “A indústria eletrônica está pensando muito.”

Na casa do futuro mantida pela Microsoft em Redmond, nos EUA, a equipe de Malvar testa produtos e ideias que podem estar dentro de nossas casas em menos de uma década. Grande parte deles tem em comum as chamadas interfaces naturais. “Voz e toque serão suficientes para a interação com a tecnologia”, diz Malvar, completando que os aparelhos da casa vão entender comandos em língua de gente, não de máquina.

A facilidade de uso tem sido a grande motivação por trás das novas invenções, mas convergência e necessidade do consumidor também exercem papel importante. “Alguns conceitos vêm da pesquisa com o consumidor”, conta Mascarenhas. “Às vezes, fazemos produtos que elas nem sabiam que queriam”, completa Malvar.

CASA DO FUTURO BRASILEIRA

No Brasil, a iHouse é a empresa que está mais à frente no desenvolvimento de soluções. Seu enfoque, porém, é mais voltado à automação de ambientes. “A tendência é a integração de cada vez mais itens ao controle remoto [que pode ser controlado pela internet]. No ano que vem, vamos lançar kits de automação para que qualquer pessoa faça em casa”, revela Sergio Corrigliano, gerente de pesquisa e desenvolvimento da iHouse.

Malvar, da Microsoft, conta que a ideia é que os produtos do futuro permitam ir muito além da automação da casa. “A automação é muito importante, mas a tecnologia atual permite que o computador faça bem mais pelo usuário, tornando a vida das pessoas mais simples”, avalia Malvar.